Trabalhar com transporte rodoviário tem suas vantagens, que são transitar em seu caminhão por cidades diferentes, conhecer pessoas e ainda receber dinheiro por isso. Mas os baixos preços dos fretes tornam a vida do caminhoneiro mais difícil e alguns profissionais acabam desrespeitando a capacidade do veículo para aumentar seus lucros. No entanto, o excesso de carga traz riscos enormes para a integridade do caminhão e a segurança da viagem.
Que a situação não está fácil, todos nós sabemos, mas a solução para ela não passa pelo transporte de carga além dos limites permitidos. Essa prática aumenta o perigo de acidentes, ameaçando a vida do caminhoneiro e dos outros usuários das rodovias. Além disso, prejudica o veículo e torna as viagens mais caras e demoradas.
Portanto, não há benefícios em desrespeitar a capacidade do caminhão. Para que não haja dúvidas quanto a isso, confira abaixo os 10 maiores perigos do excesso de peso e afaste de uma vez por todas essa prática!
1. Excesso de carga resulta em infração de trânsito
O excesso de peso é considerado infração de natureza média, prevista no artigo 231, inciso V, do Código Brasileiro de Trânsito (CTB), sendo punida com multa no valor de R$ 130,16 e retenção do veículo para o transbordo da carga excedente.
Além disso, a cada 200 quilogramas, ou fração, de peso acima do permitido, serão acrescidos à multa valores progressivos conforme a listagem abaixo:
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até 600 kg de excesso — R$ 5,32;
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a partir de 601 Kg até 800 Kg — R$ 10,64;
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a partir de 801 Kg até 1.000 Kg — R$ 21,64;
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a partir de 1001 Kg até 3.000 Kg — R$ 31,92;
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a partir de 3.001 Kg até 5.000 Kg — R$ 42,56;
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5.000 Kg ou mais — R$ 53,20.
De acordo com a Resolução do CONTRAN Nº 258, de 30 de novembro de 2007, e suas alterações, quando a fiscalização for feita por equipamento de pesagem (balança rodoviária), a tolerância para a carga em excesso é de 5% sobre os limites regulamentares para o peso bruto total (PBT) e peso bruto total combinado (PBTC). Ainda, há uma tolerância de 10% para excesso nos limites por eixo.
Porém, quando a verificação por balança não for possível, a fiscalização será feita mediante análise das notas fiscais. É importante ressaltar que o peso da carga no embarque, expresso no documento não pode contar com os percentuais de tolerância, devendo respeitar rigorosamente os limites do caminhão. A tolerância é apenas para compensar eventuais divergências nas aferições realizadas por balanças.
Portanto, ao transportar carga com peso acima do permitido para o veículo, o caminhoneiro está sujeito a multa, penalização com quatro pontos na carteira e retenção do caminhão até o transbordo da carga em excesso, prejudicando seu lucro, causando perdas de produtos e de prazos de entrega.
2. Provoca danos na mecânica do caminhão
Todo veículo é projetado e montado, com a escolha de peças e componentes com especificações técnicas determinadas, para transportar uma quantidade máxima de peso. Ao trafegar com carregamento além do estabelecido, o caminhoneiro exige um esforço maior do caminhão, comprometendo sua mecânica e estrutura.
Alguns dos problemas mais comuns originados do excesso de carga são o aumento do desgaste da suspensão e dos pneus, e a diminuição da vida útil da transmissão e dos freios, exigindo uma periodicidade maior na troca de peças. Além disso, amplia o tempo de indisponibilidade do caminhão, que precisará de mais paradas para consertos e revisões.
Por outro lado, o peso acima do limite especificado superaquece os freios ao serem acionados, reduzindo sua eficiência e aumentando o tempo de frenagem. Também compromete a integridade dos pneus, do chassi, dos engates e do próprio implemento, tornando maior o risco de colisões e tombamentos de carga.
Ou seja, negligenciar os limites do veículo aumenta os gastos em manutenção e a periodicidade da troca de peças, diminuindo a lucratividade do negócio. Ainda, coloca em risco a vida do motorista e das demais pessoas que transitam nas rodovias, e pode causar a perda dos produtos transportados.
Ademais, em caso de acidente por excesso de peso constatado em perícia, o caminhoneiro perde o direito ao ressarcimento da seguradora. Sendo assim, arcará sozinho com os custos de consertos, trocas de peças, indenizações e quaisquer outras despesas decorrentes do sinistro.
3. Prejudica a qualidade das rodovias
Quando falamos em transporte de carga, pensamos sempre no caminhão como principal instrumento de trabalho. No entanto, as rodovias também são essenciais para o exercício da profissão sendo, por vezes, negligenciadas pelos próprios caminhoneiros.
Afinal, ao trafegar com carregamento mais pesado do que o permitido, o excesso fica mal distribuído nos eixos, que transferem o sobre-esforço para o solo. Isso contribui para a degradação mais rápida da pista, aumentando a ocorrência de buracos, rachaduras e desníveis, o que dificulta as condições de tráfego. Dessa forma, as viagens tornam-se mais custosas e demoradas, diminuindo as margens de lucro dos transportadores.
Ainda, esses obstáculos nas vias prejudicam os pneus e outros componentes, aumentando a necessidade de trocas e a possibilidade de quebras mecânicas. Também favorecem o acúmulo de água nos dias de chuva, provocando aquaplanagens e tombamentos. Assim, além do prejuízo causado pelos danos diretos ao caminhão, o risco de acidentes se torna maior, também colocando os outros usuários da via em perigo.
Portanto, ao descumprir as normas de limites para o transporte de carga, o caminhoneiro causa danos ao patrimônio público e a terceiros, resultando em prejuízo para a ordem pública. Também acaba por ampliar os riscos de acidentes nas rodovias.
4. Diminui a velocidade do caminhão e o tempo de resposta
Como já dissemos, o caminhão foi projetado para suportar uma determinada quantidade de carga máxima. Quando excedido esse limite, o motor e os outros componentes do veículo perdem a capacidade de responder adequadamente aos comandos do condutor e evitar situações críticas no trânsito.
Assim, se uma frenagem de emergência for necessária, por exemplo, será preciso tempo e distância maiores para a parada total do caminhão, pois a massa movimentada está além da capacidade dos freios. Além disso, o próprio motor precisa mudar seu regime de funcionamento, aumentando a rotação necessária para movimentar o veículo em cada marcha.
Portanto, o excesso de carga reduz as velocidades máximas que o caminhão é capaz de atingir, o que piora o desempenho da viagem, aumentando o tempo necessário para o percurso. Também prejudica a agilidade no volante, pois o veículo precisará efetuar curvas mais abertas, já que as capacidades de frenagem e de aderência dos pneus serão comprometidas.
5. Aumenta o gasto com combustível
Um dos maiores custos de um frete é o gasto com combustível. E em época de aumento dos preços nos postos, essa despesa chega até a inviabilizar financeiramente uma viagem. Assim, ao contrário do que possa parecer, exceder os limites de carga do caminhão pode diminuir as margens de lucro do caminhoneiro.
Isso acontece porque o veículo precisará manter maiores rotações para movimentar o peso demasiado, saindo de sua faixa ideal de eficiência energética. Ou seja, ao transportar carga em excesso, é preciso um consumo de combustível maior para se conseguir um ganho pequeno de velocidade.
Essa situação fica ainda pior em trechos de subidas, com trânsito lento, obstáculos na via (como lombadas e quebra-molas) ou curvas.
6. Facilita o tombamento da carga e do veículo
O transporte de carga acima do limite da capacidade compromete a dirigibilidade, dificultando a execução de curvas e manobras mais delicadas, podendo provocar desequilíbrios e o consequente tombamento dos produtos ou do veículo.
A explicação para isso está, novamente, no sobrepeso carregado, além dos parâmetros para os quais o caminhão e o implemento foram projetados. Com isso, a sua estabilidade, a capacidade de frenagem e a aderência dos pneus à pista, fica comprometida. E quanto mais fechada a curva e maior a velocidade, mais perigosa é a manobra.
Para evitar esse tipo de situação, é imprescindível ficar atento ao limite de peso permitido. Também é aconselhável considerar o número de eixos, a distância entre eles e o centro de gravidade do caminhão. Sendo assim, deve-se distribuir a carga de maneira equilibrada dentro do veículo para evitar espaços vazios, impedindo que os itens se movimentem e acabem comprometendo a estabilidade.
7. Torna maior o risco de acidentes fatais
Já vimos que o peso em excesso aumenta o risco de acidentes em diversas situações, dificultando a ação dos freios, prejudicando a estabilidade ou ocasionando quebras mecânicas com o veículo em movimento. Mas os perigos não param por aí. O índice de fatalidade também aumenta nesses casos.
Afinal, a própria estrutura do caminhão (chassi, colunas e lataria) e os equipamentos de segurança (como os para-choques, as travas da quinta-roda e o engate do implemento) foram projetados e construídos para suportar uma determinada quantidade de força em um acidente. Se a carga transportada está além do limite estabelecido, a energia gerada é superior ao que podem aguentar, comprometendo a integridade da cabine e a segurança do caminhoneiro.
O excesso de carga é um dos motivos que fazem a profissão ter os maiores índices de mortalidade no Brasil.
8. Piora consideravelmente o trânsito
Ao tornar as viagens mais lentas, piorando o desempenho do caminhão, o sobrepeso da carga acaba atrapalhando, também, o trânsito. Se levarmos em consideração que uma boa parte das rodovias do país são de pista simples, com poucas áreas de ultrapassagens seguras, a situação fica ainda pior, impedindo por quilômetros que outros veículos desenvolvam velocidades maiores.
Além disso, ao danificar as pistas, os trajetos se tornam mais lentos, pois os motoristas tentarão evitar os buracos e rachaduras na via, diminuindo a área de tráfego e causando pontos de engarrafamentos que antes não existiam. A maior probabilidade de acidentes e colisões também contribui para esse quadro.
Isso não só atrapalha a vida do próprio caminhoneiro, tornando seu trajeto pior e mais lento, como a de motoristas de carros e motos, que se veem presos a velocidades mais baixas. Ainda, influencia diretamente no rendimento dos colegas transportadores, também tentando ganhar a vida nas estradas.
9. Acelera a depreciação do caminhão
Com tantos desgastes acentuados, trocas de peças e sobre-esforço dos componentes (em alguns casos extremos chegando a comprometer a estrutura do chassi), a depreciação do caminhão se torna mais acelerada.
Afinal, o uso severo do veículo com excesso de carga não consome somente peças de desgaste como coxins, correias, pneus, pastilhas e conjuntos de suspensão. Também aumenta a deterioração de componentes caros e duradouros, tais como os cilindros do motor, eixos e caixa de transmissão, conjunto da quinta-roda e cubos de roda.
Assim, esses problemas, além de comprometerem o desempenho das viagens resultando em prejuízo para o caminhoneiro, fazem o preço despencar na hora da revenda, já que representam um gasto posterior para o comprador.
10. Aumenta a emissão dos gases poluentes
Outro fator negativo do excesso de peso é o aumento da emissão de gases poluentes. Afinal, como já vimos, será preciso manter rotações mais altas no motor, aumentando o consumo e, consequentemente, a produção de gases resultantes da queima do combustível.
Além disso, manter o motor trabalhando constantemente em regimes severos pode diminuir a vida útil dos filtros de ar e de exaustão, que precisarão de manutenções e trocas mais frequentes. Caso não sejam revisados com uma periodicidade maior, sua eficiência será comprometida, piorando a qualidade dos gases expelidos pelo caminhão.
Esse problema pode até parecer menor, mas para profissionais que têm contato constante com o trânsito, como é o caso dos caminhoneiros, a poluição atmosférica influencia muita na saúde e na expectativa de vida. Apenas duas horas de exposição, por exemplo, equivale a fumar um cigarro. Logo, todos somos afetados e responsáveis pela qualidade do ar. Por isso, o ideal é fazer sua parte para poluir o mínimo possível.
Enfim, como pudemos ver, o excesso de carga não é uma escolha inteligente para aumentar os lucros do caminhoneiro, pois pode resultar em multas, danifica o caminhão e aumenta o gasto com combustível, além de causar problemas no trânsito e nas vias. Portanto, o mais indicado é ficar atento aos dados da nota fiscal e jamais optar por transportar produtos além da capacidade permitida.